sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pergunte ao pó

À parte algumas coisas que acabaram voltando à moda (LPs, por exemplo), eu nasci numa época divisora entre as águas da modernidade e da tradição; convivi com muita coisa impensável para as gerações que nascem agora, mas também muitas vezes só conheci essas coisas em seu ocaso. Há meses penso em sistematizar por uma simples lista a relação dessas coisas que me trazem um pouco de nostalgia e decepção por vê-las desaparecidas. Algumas delas seriam:

FICHAS TELEFÔNICAS
Os cartões também andam raros, nessa era de celulares, mas fichas telefônicas eu as tinha de reserva junto a moedas para ligar para casa em emergências, quando ninguém tinha consigo qualquer telefone móvel. O que nos leva aos dois próximos itens da lista.

PORTA-MOEDAS
Saquinhos para levar moedas e fichas telefônicas. Dava ainda para guardar Tazos (outro saudoso objeto da minha infância), chicletes, balas. Era um pesinho que as crianças e jovens e adultos carregavam com certa satisfação, ajudava um bocado. Hoje as carteiras têm espaço para guardá-las, ou simplesmente se junta uma quantidade suficiente para depois trocar no metrô, por exemplo.

PORTA-MOEDAS DE PLÁSTICO
Com divisórias para cada moeda, pelo tipo e tamanho! Nossa, isso é inesquecível. Eu tinha um azul, muito bacana, e creio ter tido um roxo também. Havia a versão "caseira", que também tenho até hoje, com um espaço bem maior (não era de bolso) e muito útil para armazenar uma considerável quantidade de moedas até que se desse a elas destino melhor.

CABINES TIRA-FOTO
Você sentava num banquinho, fazia uma pose e pronto, tinha uma foto. Podia ser sem moldura, para eventos profissionais, ou com corações, enfeites de toda sorte, para presentear algum amigo ou guardar de lembrança. Como hoje virtualmente todo celular tem câmera, também não vemos mais essas cabines em todo canto.

ENCICLOPÉDIAS
Nossa, eu achava um barato, mesmo. Pesquisava direto, folheava para ir a assuntos completamente aleatórios, lembro que cortei o dedo algumas vezes na nova Larousse que meu pai havia comprado, capa dura vermelha, uns vinte volumes. Esse simpático tipo de coleção ficou para trás com as enciclopédias virtuais, muito menos charmosas.

CARTAS
Como lamento aqui, objeto mais obsoleto hoje não há. Mas era delicioso o tempo de agonia que marcava a espera da resposta, essa falta de "instantaneidade" que hoje está extinta. E me lembro como fiquei feliz quando, moleque, recebi a primeira carta (de algumas) de João Carlos Marinho, então um dos escritores que mais me entusiasmava.

DISQUETES
Eu usei bastante isso na escola. Era mágico guardar tantos textos e tantos joguinhos e tantas coisas naquele pequeno quadrado, de cores variadas, ah, era muito legal colar a etiqueta com seu nome, escrever os nomes dos arquivos, mas quanta coisa cabia lá!, e no entanto não havia capacidade de armazenamento de nem 2MB... Como o mundo é grande quando somos pequenos!

REVISTAS DE INFORMÁTICA
Eu ficava impressionado, extasiado e muito feliz tardes e tardes jogando e rejogando e jogando e rejogando de novo pequenos releases que as distribuidoras de games liberavam para revistas e sites especializados (os célebres "demos"), decorava as músicas, descobria novas estratégias, clicava nos objetos que tinham alguma animação embutida nos menus, pegava lá wallpapers (coisa que hoje basta salvar qualquer foto do computador!), midis (!), sons engraçados, imagens do ClipArt para trabalhos escolares, entre mil outras coisas...

MÍNI-TELEVISÕES
Ideais para viagens, para dias em que acabava a luz (funcionavam com baterias ou pilhas grandes) ou simplesmente para levar para as barraquinhas (outra relíquia perdida), para o quarto, para onde se quisesse. Hoje os celulares têm televisões, a internet passa a programação ao vivo de muitos canais, no YouTube você confere o que perdeu se a luz faltou em sua casa. As simpaticíssimas míni-televisões são que nem filmes de faroeste: oficialmente ainda não estão extintas, mas é tão raro ver uma que ninguém nem se lembra mais...

Este post possivelmente terá continuação — a saudade é muita e a memória é pouca.