segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A ironia

Passei semana passada pela minha última prova da faculdade. Finalmente me livrei desse lugar que só me trouxe dor de cabeça, aborrecimento, tristeza, que me fez conhecer gente cruel, ruim e desinteressante. Mas aos poucos todas as maldades vão perdendo o sentido, é natural ao ser humano ir se esquecendo de suas dores e seguir vivendo, procurando algum sentido para prosseguir. E comigo isso também acontece, mas eu não tenho como esquecer toda a infelicidade por que passei na fábrica acadêmica, e não posso pensar em tratar os negros anos em que lá estive como probleminhas bobos que não importam muito e provavelmente dos quais exagero as dimensões. Não. Eu sei que eu fui muito maltratado lá, e que não guardarei nenhuma recordação boa em meio a tanta opressão. Não tenho uma boa memória, mas basta eu reler alguns posts antigos aqui neste blogue para entender como me preocupava e sofria, como o que eles faziam era errado e como nunca mais recuperarei o que de bom havia em mim antes de eles destruírem tudo com seus métodos tirânicos e seu sistema negligente.

Por outro lado, esse aparente esgotamento do terror não me trouxe alívio. Sinto agora como se os cinco anos que desperdicei lá realmente fossem um nada, uma energia absurda que despendi sem obter com isso qualquer resultado, uma perda colossal de tempo. Cinco anos inúteis, nos quais nada aprendi ou apreendi e ainda me feriram com uma arma eterna, de deixar cicatrizes indeléveis. E percebi que agora, depois de tudo acabado, não posso olhar para trás e dizer que valeu a pena; só posso dizer que não sei mais o que fazer e que pelo menos uma fonte de angústia secou. Mas a incerteza reina mais forte que nunca, e me vejo como alguém que teve suas forças plenamente sugadas e depois foi atirado na arena de um adversário terrível, a fuga é impossível mas já não há como lutar.

Faculdade: os melhores anos da vida. Agora entendo. Só agora.

3 comentários:

  1. Agora que a faculdade acabou, acabaram também os textos? Desiste não, Filipe :)

    ResponderExcluir
  2. Pelo menos por enquanto, é a passo de tartaruga, ou nem isso. Já não sinto mais aquele grande desejo que eu tinha no começo de dividir impressões, escrever coisas ao acaso, porque sei que vou ser mal compreendido e que só trolls e seres do tipo vão me ler e/ou comentar. Percebo que quem me lê aqui tem uma idéia totalmente diferente da que eu queria passar, e eu não gosto disso. Os últimos posts deste blogue foram totalmente desanimadores, então ele está meio que de férias extra-oficialmente... Também não sinto que alguém esteja tão ansioso para ler mais bobagens produzidas por mim. Mas agradeço suas palavras motivadoras. :)

    ResponderExcluir