O tempo é um dos meus grandes inimigos.
Às vezes eu não ligo pra ele, quando percebo que me sinto como se tanto pudesse ter dez anos (eu já sei como é) ou oitenta (eu imagino como seja).
Mas na maior parte das vezes sinto-me envelhecendo precocemente, ainda que minha cabeça seja mais de criança do que de adulto: não entendo de finanças, vejo mais importância em assistir a Doug todo dia do que em sair à noite, prefiro ler quadrinhos do que filosofia, não me interesso por política e meu avatar no Orkut é o Snoopy escrevendo em sua máquina.
O que acontece é que o tempo tem me enganado. Eu não o sinto passar. Foi comum nos últimos dias eu estar sentado no cursinho (onde pratiquei a "solidão voluntária", porque pela primeira vez eu deliberadamente não quis me enturmar com a chatíssima turma de lá) e não saber que dia da semana era, não me lembrar se já tive aula com um professor naquele dia, perder a noção de quando acordei e dormi, de quanto li no caminho da ida até lá, de quanto tempo durou minha viagem no metrô, de quando seria o intervalo, quase que os números do meu relógio perderam significância (e reparei ontem, pela primeira vez, como meu pobre relógio comprado há uns bons quinze anos está quase sem cor). Eu já vivo os anos como meses, os meses como dias e os dias como minutos. Tudo se repete e nada tem muita distinção. Basicamente sinto, como, vivo o mesmo todo os dias, com ligeiras pinceladas de diferenças.
Sei que quando o tempo deixar em paz meu pensamento, será já uma hora bem adiantada.
Odeio o tempo, a sensação de estar passando tão rápido e de algumas coisas parecerem demorar séculos para acontecer.
ResponderExcluirSim, e as coisas boas evidentemente passam tão rápido que nos perguntamos se de fato aconteceram.
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