quarta-feira, 7 de abril de 2010

A vida

Minha irmã me disse que eu pareço educado e controlado nos posts deste blogue e que sou impaciente e mal humorado pessoalmente. Eu não me acho facilmente irritável, nunca fui tão Pato Donald assim, mas com certeza estou longe de ser um deus da paciência ou da virtude; o que ocorre é que isto é um diário, se outras pessoas o lêem é por puro acaso (eu, por exemplo, não gostaria que minha irmã o lesse), e não há qualquer razão para ser agressivo nessas linhas tão despretensiosas... E de qualquer modo eu me acho bem violento às vezes no que escrevo, mesmo que pareça polido: por exemplo no post sobre a cultura boêmia universitária. Enfim.

Minha irmã (e minha mãe também) ainda disse que eu deveria visitar um neurologista, para que ele me cure de uma suposta depressão. Eu já declarei aqui meu pavor a medicação artificial, e a não ser que realmente constate ter um problema (e eu sou o melhor crítico de mim mesmo) eu não tomarei nada, nunca; meus problemas são facilmente identificáveis e eu não me sinto impelido a me viciar em pilúlas para saná-los. A faculdade é o pior deles, vivo falando isso aqui. A solidão, também; mas não é algo da minha cabeça, é um fato: não tenho amigos, não tenho namorada, o povo da faculdade não quer saber de mim (e vice-versa) a não ser para discutir os assuntos de lá, me sinto solitário em casa também (onde penso que todos me olham com certa desconfiança, por eu não gostar de direito [numa casa com quatro advogados], por eu só gostar de coisas fúteis como cinema e arte), até meus conhecidos da internet eu sinto distantes — com honrosas exceções (a maior parte leitora deste blogue, por sinal) —, eles se tornaram para mim arrogantes, frios, impiedosos. No final das contas, meu problema é justamente ser muito lúcido. Mas há quase vinte e três anos venho tentando remediar isso.

12 comentários:

  1. Que coisa. Jurava que você fosse uma pessoa com muitos amigos, mas não é, o que é mais um ponto parecido comigo. Não conhece ninguém com menos amigos do que eu, pode apostar.

    E vou lhe dizer uma coisa: o que fez com que eu acompanhasse este blog foi um bobo ponto em comum com você... O sonho de morar no interior da França... achei curioso.

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  2. Meus amigos se contam nos dedos da mão defeituosa do Lula, e ainda devem sobrar muitos dedos...

    Ainda hei de realizar esse sonho, pelo menos em sonho.

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  3. Talvez você seja um pouco 'violento' em alguns posts, mas é sempre educado, e eu não vejo como uma coisa ruim.

    Sobre este post, me deixou triste. Mas qualquer coisa que eu escreva de positivo poderá soar falso e como uma pretensão de agradar, já que não o conheço pessoalmente, etc.

    E, bem, amigos eu tenho apenas um, talvez... Acho muito difícil classificar, assim como eu poderia escrever linhas sobre isso.

    E, errr... namorado conheci na internet.

    P.S.: Eu vou me juntar ao Filipe: anônima, se apresente. :)

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  4. Para mim o Lula poderia ainda fazer o V da vitória. Talvez até sobre um!

    Vai dizer que em sonho tem vocação para loser?

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  5. Hehe, "Política dos autores": com certeza esse anônimo do V do Lula não é a misteriosa menina de 16 anos.

    Pois é, meus posts são muito sóbrios e melancólicos, até me surpreendo que eu tenha leitores. De qualquer modo, acho que há sim uma separação entre o que se escreve e o que se fala/vive; pessoalmente eu sou muito palhaço e sem graça, não tenho nada de profundo (e ainda sou consideravelmente feio), ou seja, tenho que me virar mesmo quando escrevo, disfarçar, fingir que penso.

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  6. Errou, é ela sim hahahah O que teve de diferente?

    Bem, você por aqui parece ser uma pessoa muito séria, o que não faz muito sentido quando leio aquele seu about me do orkut (um dos mais engraçados que eu já vi, parabéns). Mas como isso aqui funciona como um diário para você, é natural que aborde situações importantes, sendo assim desnecessário o jeito "palhaço".

    E sobre a surpresa de ter leitores: me identifico um bocado com o que escreve, o que eu já devo ter dito... E por isso eu acabo criando uma estranha consideração por você.

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  7. É, realmente não costumo falar coisas do gênero, mas "loser" até que eu uso... afinal, não posso negar as raízes.

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