terça-feira, 4 de maio de 2010

Donzelices

Eu ia fazer considerações algo negativas sobre envelhecer e sobre meus inúteis — pelo menos até agora — vinte e três anos neste vale de lágrimas, completados hoje; mas como sempre prefiro falar mal dos problemas dos outros, mudei de assunto.

Umas semanas atrás coloquei um vídeo sobre uma atrizinha reclamando da revista Playboy, confirmando que não sabe do que ela trata e resumindo a publicação a pornografia. Eu não sei porque o sexo, mesmo tão vulgarizado, é tão ridiculamente entendido e comentado. Eu digo isso após ler esta notícia.

Quanta patetice! Os progressistazinhos querem diminuir a maioridade penal e trancafiar em escolas do crime adolescentes que mal saíram dos cueiros e reclamam de uma moça emancipada de dezesseis anos que mostra um seio (UM seio) em uma peça de teatro? Procurar o que fazer que é bom, não? A argumentação é pior ainda que o chilique. Pedofilia? Ora essa, a menina não vai ser abusada e disso não virá qualquer trauma, discutir algo assim chega a ser quase ofensivo: alguém teria pensado em algo assim caso os revoltados defensores da moralidade não tivessem esbravejado tão veementemente? O pior é isso: serviu para divulgar o espetáculo, que eu nunca tinha ouvido mais gordo.

A moça que ilustra este blogue, Sandrine Bonnaire, apareceu inteiramente nua, aos quinze anos, em Aos nossos amores, do mestre Maurice Pialat; por sorte os franceses não têm esse código puritano esdrúxulo da nossa pátria tupiniquim, ou uma das maiores interpretações femininas do cinema seria engavetada pelos impávidos heróis que estão querendo mutilar a tal peça (ou até proibir sua exibição). Ao que eu saiba, aparecer desnuda em seus anos de adolescência não trouxe qualquer tipo de problema psicológico a Sandrine Bonnaire, ao contrário, daí por diante ela foi cada vez mais se firmando como uma das melhores atrizes da história do cinema francês. Mas qual! Ela aparece sem roupa antes dos dezoito, crime abominável!

Nunca vi maior disparate. Se não há exploração ou qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, qual o problema da tal garota mostrar o seio ou o que quer que seja? Estamos virando abomináveis cultores da irracional politicagem do correto.

Quero ver agora mandarem ao Ministério Público o primeiro filme do Menino Maluquinho, em que o protagonista, uma CRIANÇA, aparece em nudez frontal — sendo que a cena foi incluída no filme com o torpe propósito de mostrar o personagem... tomando banho! Pode mostrar não, meu sinhô. Melhor deixar a criança suja que mostrar nudez de menor.

Essa moça da peça comprova o que eu disse posts atrás: as meninas de dezesseis têm um pensamento mais maduro que os guardiães de suas decências.

2 comentários:

  1. Humpf, isso deve ter sido desculpa para verem o seio nu da garota mais uma vez.

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  2. Acabou servindo pra isso mesmo, daqui a pouco aposto que gravam a peça e jogam na internet... VIVA O TEATRO, rs.

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