Nunca ingeri nenhuma bebida alcóolica. Não diretamente, pelo menos; talvez já tenha engolido algum refrescante bucal por engano num gargarejo. Mas o fato é que conscientemente o único álcool que botei na boca foi de dois tipos que quase nem contam: o da hóstia (que duvido que fosse de verdade) e o de várias balas de rum (que também duvido que fosse de verdade) que devo já ter comido em diferentes momentos da vida.
Não que não ingerir álcool faça de mim uma pessoa melhor (também não faz pior), é só que eu realmente não tenho nenhuma curiosidade ou interesse em beber. E por detestar a cultura dita boêmia, como já falei por aqui, me afasto disso tudo. Nunca saí em uma foto segurando um copo de cerveja junto a colegas de faculdade; nunca discuti sobre as melhores safras de vinho; nunca quis saber quais as diferenças entre uísques, conhaques e todas essas águas que passarinhos não bebem.
Não acho que seja motivo de orgulho, mas também não é para me envergonhar. Só sei que pensei uns tempos atrás sobre outra razão por que de fato nunca correrei atrás desses produtos: o vício.
O vício é uma praga incontrolável, porque sai de você e não há como controlá-lo. Essa idéia é terrível e assustadora. Novamente fui picado por formigas ou pernilongos esta semana, e o simples contato ou fricção com a pele dá uma vontade louca de coçar a região atacada: mesmo que eu não queira fazê-lo, a muito custo me contenho, dependendo do caso — por exemplo, se tenho que andar na rua e meu calcanhar havia sido palco (e prato) do banquete dos insetos.
Aí penso: se até uma coisa inofensiva dessas causa uma agonia por ser irresistível, o que será o vício em bebida?
Não sei. E não quero saber.
P.S.: O catolicismo da hóstia morreu no meu agnosticismo desconfiado...
Se você não virar escritor, te pago uma viagem à França. Certeza que não terei de pagar. Teu pacotinho tá completo: frustações, incompatibilidade com o mundo, solidão, amor à literatura... E o pricipal: você sabe escrever. Você sabe criar uma leitura prazerosa. Simples. Vir aqui e ler seus relatos do dia-a-dia e suas impressões do mundo (mesmo que de algumas eu discorde) transformados em prosa me é muito agradável. Por favor, continue.
ResponderExcluirCaramba, esse deve ser o maior elogio que já recebi em toda a minha vida!
ResponderExcluirNão sei nem o que dizer. Vai o básico: obrigado!
E vou cobrar essa viagem à França!