Eu sou descrente quando falam que "querer é poder" e outros lugares-comuns do tipo.
Por exemplo: estudo. Tenho uma baita dificuldade com estudo na minha faculdade. Coisas que os outros acompanham com facilidade, decoram sem problema e praticam regularmente, demoro eras para entender (quando entendo).
Eu não sei o que é "estudar". Quando não sei alguma coisa, minha irmã diz: "basta estudar". Estudar para ela é falar em voz alta cada linha de cada página de um livro. Isso comigo não funciona. Eu me irrito e o resultado se torna contraproducente. Eu não sei estudar. Eu não sei o que é isso.
Há quem diga que é ler. Desde pequeno lia e escrevia muito. Tive diários, escrevi contos desde pequeno, histórias em quadrinhos, redações. Lia muito, vários livros por mês — lembro-me de um julho, acho que de 2000, em que li oito livros; o equivalente a dois por semana! —, sempre gostei de ler e sempre li a minha vida toda. Ainda hoje leio, mas infelizmente com menor freqüência. Tornei-me lerdo para ler, demoro, empaco. Demoro semanas para ler algo que lia em dias. Se ando selecionando mais os livros que leio, é porque demoro cada vez mais para lê-los, tenho sono, tenho ocupações a fazer que me impedem a leitura compulsiva. Eu não gosto disso, gostava quando era ágil e lia tudo que podia. Mas enfim: se o estudo é ler, como estudar? Lendo?
Nunca consegui memorizar nada na base da truculência. "Tem prova amanhã, vou decorar tudo hoje" não funciona comigo. Não sou ator. Minha memória só se presta a guardar informações de coisas que me interessam por paixão; sei falar de cor o título original, ano de lançamento e elenco principal de cada um dos filmes de François Truffaut, mas não sei dizer quais os recursos do processo civil, o que diabos é um efeito devolutivo e o que seria um embargo infringente. Não guardo nada disso. Não me orgulho; é um fato, contra o qual não consigo lutar.
Estudar para mim é algo que traz cansaço, desespero e dor (até física) por tentar enfiar na cabeça algo que não sinto, que não entendo, que nunca saberei. Quando estava no Ensino Médio, pensava, a respeito de matérias como Biologia e Física, que era extramamente desgastante me angustiar com coisas que eu SABIA que nunca iria entender. E é verdade. Nunca entendi várias coisas da escola. E não só eu, aposto: eu adoro gramática, mas conheço muita gente para quem as regras da língua são mais misteriosas que os autores das estátuas da Ilha de Páscoa. E eu sei que, no direito, nunca entenderei processos, seu funcionamento, como ocorrem as mudanças e o que isso tudo significa. Eu SEI. E isso me deixa mais desanimado ainda, porque não dá pra fazer qualquer coisa em direito sem saber processo — exceto talvez escrever livros desonestos ou dar palestras.
Isso me lembra aquela história de "basta você se esforçar". Não sei o que leva esse povo a achar que a humanidade é como uma linha de produção em uma fábrica, você pode fazer qualquer coisa para a qual te designem. Não é por aí. Existem pessoas que nunca terão capacidade ou habilidade para um determinado tipo de coisa. Que nunca compreenderão como se faz um trabalho. Que não podem trabalhar ou exercer uma profissão sem saber alguma informação que a pessoa, por mais que se esforce, nunca terá.
Para mim o direito é mais ou menos isso. Estou no quinto ano do curso e não sei mais de direito do que qualquer idiota que pegue códigos e leis na hora do almoço e leia tudo embolado, pescando uma coisa aqui e outra ali.
Talvez eu precise estudar.
Eu tenho esse problemak, mas só com exatas. Não entendo números e nunca os entenderei, e só me fodo na escola por causa disso e tenho certeza que vou me foder no vestibular por causa disso também. Vou ter que me concentrar na redação pra passar.
ResponderExcluirPois é. Passei num vestibular fácil (e no meio do ano, menos concorrido). Vestibular é uma das coisas em que SEI que nunca conseguirei me sair bem.
ResponderExcluirFiquei curiosa para saber os livros que leu nesse mês de julho, há dez anos atrás.
ResponderExcluirLivros curtos, acho; se bem me lembro, pelo menos metade era do Sherlock do Conan Doyle.
ResponderExcluirPor sinal, desde 1999 ou 1998 eu anoto todos os livros que leio. Por essa época, lia bem uns sessenta por ano; hoje se leio vinte já dou pulos de alegria pelo pálido recorde recente.
Anônima, não quer se apresentar? Por quê?
Na verdade, Filipe, há mais de um anônimo. No meu caso, anônima.
ResponderExcluirMas eu te conheço? Por que não se revela? Os últimos posts anônimos são todos seus?
ResponderExcluirNão me conhece, e eu não escrevi o primeiro.
ResponderExcluirEsqueceu uma pergunta; e adiciono outra: como achou este blog?
ResponderExcluirPorque acho desnecessário se não me conhece. E me conhecer não muda nada. Achei pelo seu orkut, e o orkut pela Subestimado/Superestimado.
ResponderExcluirVocê posta lá?
ResponderExcluirJá postei. Leio sempre mas acabo tendo vergonha de postar...
ResponderExcluirNão tenha! A internet é o lugar onde os tímidos podem se expressar sem medo.
ResponderExcluirSem chances.
ResponderExcluirBem, você que sabe. Eu queria saber mais sobre você... Não pode nem dizer seu nome?
ResponderExcluirHum, não. Mas outras perguntas serão mais válidas, se quiser.
ResponderExcluirCidade?
ResponderExcluirSão Paulo.
ResponderExcluirEntão a gente já deve ter se esbarrado por aí...
ResponderExcluirNão duvido. Daqui para frente preste atenção em cabelos cacheados.
ResponderExcluirJá presto até bastante, viu.
ResponderExcluirQuais são suas iniciais?
Já deve ter visto o meu na Paulista ou no HSBC.
ResponderExcluirPara me caçar na comunidade? Hum.
Isso foi um "talvez"?
ResponderExcluirTalvez? Não, não. Sem dicas.
ResponderExcluirComo assim, "dicas"? Eu devo adivinhá-las, moça?
ResponderExcluirSeria melhor não. Mas se eu disser minhas iniciais, você acharia facilmente meu nome.
ResponderExcluirEnfim, posso fazer uma pergunta? Se pudesse voltar cinco anos atrás e tivesse o poder de mudar de curso, qual escolheria?
Não faço idéia. Provavelmente jornalismo, mas eu também não queria fazer faculdade disso. Na realidade, acho todo o sistema de ensino superior ridículo, então não sei mesmo...
ResponderExcluirÀs vezes, lá nos confins da minha consciência, fico preocupada por não ter nenhum sonho, por não ser apaixonada por nada. Eu sei de muitos cursos que jamais faria, mas quase não sei quais me interessam. No geral, estou no terceiro ano e não dou a mínima para o vestibular. Não aguento mais tantos comentários sobre escolhas e carreiras e essa bendita prova. No fim eu só quero uma profissão... vou escolher o menos absurdo e, na verdade, o meu natural é se decepcionar e "aguentar" as coisas. Talvez meu único sonho envolvendo faculdade seria gostar das aulas e de fazer o tal curso escolhido.
ResponderExcluirConheço bem essa apatia. Na verdade, só me interesso por coisas que não dão sustento, não são trabalho etc. Já desisti de achar que estudo e profissão vão me realizar, então agora prefiro não me preocupar muito (mas nem consigo), porque sei que isso é só um meio para eu conseguir fazer o que gosto... Meus eternos hobbies...
ResponderExcluirExato! É até vergonhoso dizer, mas por toda a infância eu desejei fazer artes cênicas. Bem, eu disse em outro comentário sobre o SESC onde meu pai trabalha... assisto peças teatrais desde sempre. Cresci andando em coxias. Então misturei esse gosto por teatro e achei que deveria ser atriz. E realmente, aquele clima todo do teatro sempre me encantou... Mas não é para mim. Percebi isso de repente (e já não entendo como pude pensar tais coisas por tantos anos). Eu sou a pessoa mais CARETA que conheço, e todos os atores tem cara de maconheiros. E jamais teria coragem de subir em um palco...
ResponderExcluirDepois disso resolvi que quero um emprego que me dê dinheiro. Para ir ao teatro, talvez.
Sim, essa é a triste realidade que fatalmente constatamos... Mas não se preocupe, você não está sozinha nos seus "problemas": eu também sou careta (NUNCA fumei e nem bebi, pra você ver; e não sou evangélico e nem tenho qualquer tipo de doença que me impeça), e a Catherine Deneuve também tem "stage fright".
ResponderExcluirNunca bebeu? Na sua idade isso é realmente difícil (considerando também que conheço evangélicos que bebem).
ResponderExcluirTenho trauma de cigarro... se todas as crianças vissem o que eu vi aos oito anos, acredito que o número de fumantes diminuiria e muito. Meu tio ficou internado por dois anos com câncer na garganta (fumava e bebia demais). Fui visitá-lo uma única vez e pouco antes dele morrer... acho que nenhuma lembrança na minha infância é tão viva quanto aquele hospital, aquela cama, e meu tio que não fala uma palavra sequer. Com gestos ele me chamava, mas fiquei estudada. Ele deveria estar pesado metade do tinha antes. Como você disse sobre aquele senhor com AVC, estava em uma condição deplorável.
Não aguentei ficar por muito tempo no quarto, saí chorando pelo corredor e resolvi que jamais fumaria em toda a minha vida.
Opa, estudada = assustada. E me desculpa por fazer desses comentários um chat de confissões.
ResponderExcluirNossa, esse post do AVC foi um dos meus primeiros! Você lê o blog desde aquela época ou leu tudo depois?
ResponderExcluirE não me incomodo com suas confissões, não. Gosto, inclusive. Eu só fico decepcionado por você não querer revelar nada sobre você, seu nome, como você é fisicamente etc. Mas enfim, você que sabe...
E fumo só é bonito em arte mesmo: muitos filmes seriam piores sem cigarro, e não perdôo o Morris por ter trocado o fumo do Lucky Luke por uma palhinha...
"Aquela época" foi em dezembro... nem faz tanto tempo assim. Eu leio desde o começo.
ResponderExcluirOra, estou revelando muito sobre mim. Acredite, mas não saio contando essas coisas gratuitamente. Mas se não for suficiente, tenho 1,67 de altura, 48 quilos, cabelos cacheados e castanhos, sou morena clara, não gosto do meu nariz mas gosto do meu sorriso (apesar de não ser uma Sandrine Bonnaire que tem uma comunidade dizendo que o seu sorriso é o mais bonito do mundo - inveja por ninguém ter me dito isso).
Acho as "confissões" mais reveladoras do que essas impressões físicas.
Pode ser mesmo. E sei que há um certo charme em não se conhecer o interlocutor em uma conversa, mas não entendo por que você não quer se revelar. Não há qualquer razão.
ResponderExcluirE eu não falo nada sobre seu sorriso porque nunca o vi. :)
Há razão, sim.
ResponderExcluirEu já não me lembro se "te conheci" pela comunidade ou por uma amiga de uma amiga. Digo, uma pessoa adicionada no seu orkut é amiga de uma amiga minha. Devo ter visto alguns recados e caí no seu profile. Não me lembro mesmo; talvez tenha sido isso.
Qual é a razão?
ResponderExcluirNão quero falar com você pelo orkut. Eu namoro e não gostaria que ele chegasse ao seu blog. Sei que pode ser estranho...
ResponderExcluirUai, você entra às 6h20 da manhã. Meu despertador toca essa hora e tenho que me arrumar em vinte minutos. Não daria nunca para entrar no computador!
É, é estranho. Estou longe de ser conquistador, então seu namorado nem sequer me notaria... Enfim, você que sabe.
ResponderExcluirEu acordo às seis e saio às seis e meia... Tomo um leite rápido, escovo os dentes e já saio...
Nah, mas você não se interessaria por mim. A questão não é essa; é o seu blog.
ResponderExcluirBebe leite quente ou frio? Só gosto com toddy e batido no liquidificador, mas não faço de manhã.
(Uma coisa: para não se confundir muito com "os anônimos", eu não falo nenhum tipo de palavrão.)
Eu sei, já havia notado isso. E acho que sei quem é o outro anônimo que anda postando com palavrões.
ResponderExcluirLeite com Toddy, morno. Acaba nem fazendo muita diferença para mim, mas é melhor que sair sem tomar nada.
É, mas ainda há um terceiro.
ResponderExcluirNão ria, mas eu bebo Toddynho. Gelado é bom e eu não gosto de leite morno... Mas já estou enjoando. Tenho "fases" de cafés da manhã (se posso chamar assim, mas meus pais me obrigam a comer). No ano passado eu comprava cookies antes de entrar no colégio, mas enjoei. Tentei iogurtes por um tempo, mas enjoei também...
Qual é o terceiro anônimo?
ResponderExcluirE eu não gosto muito de me alimentar em geral, tenho uma baita preguiça de comer bem...