Um dos meus contos mais recentes se passa numa espécie de delírio sentimental do protagonista — o que, aliás, é bastante comum nos meus textos ficcionais —, e na segunda e última página do texto o personagem diz a uma moça que a ama. O conto é um recurso literário que pode dilatar ou comprimir tempos, expressar elipses, mudar vidas em uma linha, fazer alguém se apaixonar em poucos parágrafos.
Eu não gosto da idéia desse "amor" repentino e tudo que é vendido como "amor" por aí, essas histórias de "alma gêmea", "amor à primeira vista", "cara-metade" (o Fantasma da Ópera está precisando de metade da cara). Para mim esses sentimentos horrorosos veiculados por telenovelas e filmes ruins são obsessões nefastas, tristes deteriorações dos afetos positivos humanos.
O amor não é dizer a cada instante que se ama alguém. O amor não é todo ano mandar e receber cartões no dia dos namorados. O amor não é uma coisa que você deva ou precise mostrar aos outros. O amor é uma coisa íntima. O amor é conviver, conhecer, se aproximar. O amor é tentativa. O amor é seu pensamento. O amor é olhar pela janela a garota que nem sabe que você existe (metaforicamente ou não).
Claro que no meu conto o amor deu errado, afinal eu não posso enganar a mim mesmo (mentira).
E como fazer para ler este conto?
ResponderExcluirAmigo(a) anônimo(a), não há o que se fazer. Meus contos não foram publicados e eu nunca os colocaria na internet. Só torcer para que alguém se digne a publicá-los um dia, o que duvido; de qualquer maneira, eles são bem fraquinhos, nem compensa a curiosidade.
ResponderExcluirNunca os colocaria na internet? Poxa, não adianta dizer que não compensa a curiosidade. Gosto do que escreve aqui no blog, portanto tenho interesse nos contos também. Enfim, eu sou deveras curiosa.
ResponderExcluirAlém de concordar com você e não gostar dessa ideia de amor vendido pela mídia, me desagrada um bocado as pessoas cuspindo o amor como uma desgraça. Tudo bem, em certos casos pode realmente ser. Mas acho extremamente desagradável quando as pessoas não vêem futuro com as outras, achando que está na condição humana se apaixonar e ser atingido pelo tédio em seguida, fazendo o sentimento acabar.
Não gosto mesmo quando usam o verbo "acabar".
É, o amor é muito mal explicado, subutilizado na mídia etc. Mas a coisa é assim: cada pessoa vive um amor diferente, não dá pra padronizar esse tipo de sentimento.
ResponderExcluirSobre os contos, a internet é terra de ninguém. Nunca colocaria esse material aqui.