segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Old times

Outro dia li numa revista uma entrevista com uma atrizinha da Globo em que ela (por evidente falta de assunto melhor) comentava sua vida sexual, a exemplo de tantos intérpretes televisivos. Se a coisa já é ridícula por si só, fiquei mais bobo ainda quando vi que a tal moça, que deve ter a minha idade, comentava essas intimidades usando expressões como "tesão" — uma das palavras que mais abomino, não consigo ouvi-la sem me incomodar. Aí percebi mais uma vez que não me encaixo na minha geração.

Duvido muito que alguém de seus vinte e tantos anos irá estranhar ou mesmo perceber esse vocábulo largado no meio de uma entrevista (repetido várias vezes, até), pois já está incorporado ao idioma jovem brasileiro há um bom tempo, já não é tabu, não é polêmico, não é nada. As pessoas falam "tesão", e isso é um fato. Assim como falam "transar", assim como pensam e agem de uma maneira perfeitamente compatível com os tempos modernos mas que não me diz nada. E que às vezes até me incomoda.

Eu queria escrever com pluma e gosto de cartas e outros anacronismos, mas não é só por isso que me sinto de outro século. As cabeças dos meus colegas de época giram em outro sentido: eu sou Ptolomeu, eles são Copérnico. Eu acredito em algo que já foi considerado ultrapassado, mas as modernidades me assustam. No meu cursinho, não sei quantas meninas levantaram a mão e falaram que vivem com o namorado há não sei quantos anos, várias da minha idade já com filhos de idade considerável, os homens também possuidores de um código de vida e ética que nunca conseguirei decifrar, mesmo sendo do mesmo gênero, espécie, habitat e era que eles. Houve algum desvio que me deixou essa moralidade esquisita, esse pudor meio obstaculatório à minha total inserção entre meus parceiros de década.

Outro dia eu debatia na internet sobre as vantagens do meu bairro, que acho fantástico. Aí uma garota disse: é um bairro ótimo para se morar, mas os jovens querem baladas, bares. E eu sou considerado jovem, nenhum estudo classificatório ou censo diria o contrário. Mas eu não concordo com nada disso. Eu não chego nem a me sentir velho, porque velhos talvez sejam os pais, os avós dessas pessoas, e eles já acham tudo normal também, acostumaram-se com a idéia de seus descendentes agirem dessa maneira, já é para eles o retrato da mocidade de hoje, eles compactuam, apóiam, entendem. Eu não. Eu me sinto é deslocado, como se fosse um jovem normal, mas de outra época.

Falta descobrir de qual.

12 comentários:

  1. Não sei se tem bem a ver com o assunto, mas sempre me pergunto como alguém consegue fazer com qualquer pessoa uma das coisas mais especiais da vida. Que sentido há em compartilhar da forma mais íntima o seu corpo com dezenas de pessoas? O que tem de especial depois, quando você encontrar o 'the one'? No caso das meninas, não existe arrependimento depois de ter 'dado' para aquele idiota, que nem precisou insistir tanto? É muita falta de amor. E ainda julgam isso como liberdade. :P

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  2. É a velha máxima do "sexo é igual a pizza, até quando é ruim é bom". Discordo nos dois casos.

    Sobre compartilhar intimidades, é um dos extremos da falta de amor próprio, eu acho. Quer dizer, abrir-se sem pudores (até literalmente, rs) atrai atenção.

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  3. Olá, Filipe,

    não sou eu nenhum dos anônimos no post anterior, e não gostei de você ter me considerado um troll. Acho que não está familiarizado com o significado do termo, e por isso peço que reflita melhor. Postei comentários pertinentes ao seu post, ainda que discrepantes com a sua visão dos fatos, com minha assinatura pessoal, sem me esconder no anonimato, e argumentando ao máximo que pude - diferente do que você fez, dê uma olhada lá atrás e perceba.

    Talvez seja melhor para você - e aqui falo exclusivamente desse universo chamado vaidade - escrever num post que "já lidou anteriormente com trolls" e me encerrar nesse capítulo obtuso dos seres internéticos, mas não deixa de ser injusto.

    Não vou entrar no mérito da discussão anterior, que não me apetece nem me diz respeito, mas confesso que esperava mais ombridade da sua parte. Digo, se você for chamar todo mundo que discorda de algum texto seu de troll, então tente adicionar um mecanismo de moderação nos seus comentários. Ou aprenda a lidar com críticas, ironia, sarcamos etc. A internet é um antro de tudo isso.

    Até

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  4. Jimmy, nunca achei que você fosse qualquer anônimo que tivesse postado aqui. Você sempre se identificou, e não vejo por que não o continuaria fazendo.

    Do meu ponto de vista, quem discute do jeito que você discutiu naquela ocasião é um troll. Porque quer polemizar e deixar o outro irritado. O mesmo que vem acontecendo recentemente neste blogue — apesar de os últimos "ataques" serem muito mais violentos e gratuitos.

    Então fiquemos em paz. Meu assunto com você acabou e eu não quero ressuscitar conflitos. Só digo que me considerar vaidoso, lendo o que escrevo aqui, aí sim: é uma injustiça.

    E como você já notou, agora os comentários são moderados. E eu continuarei publicando os que discordam de mim (como você o fez agora), mas que se manifestem com um mínimo de educação e respeito. Além do mais, você também tinha direito de resposta.

    Abraço.

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  5. Para mim, tanto o Jimmy quanto o Euclides (era este o nome?) são trolls. Não vejo o porquê de alguém começar discussões por motivos tão frívolos, a não ser pelo simples prazer de polemizar.

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  6. Eu vejo inúmeros porquês em começar uma discussão sobre aquele post do Chamy, visto a atualidade do tema, a problematização da coisa, e cof cof as besteiras que estavam escritas ali cof cof - o que não vem exatamente ao caso. Tanto o Filipe quanto o nosso querido anônimo - que, provavelmente, já deve ser um outro - esqueceram que polemizar assuntos ou discussões não é um artifício próprio aos trolls. Não, trolls simplesmente querem desestabilizar uma discussão (o conceito de troll e flooder convergem exatamente nesse ponto, o troll é quase uma espécie de flooder proposital), subvertendo o tópico em um bricabraque de sua posse. Se vocês querem me xingar por polemizar alguma coisa que não merecia tanto, tentem mitômano, idiota, zé ruela, estúpido, retardado, todos nomes lindos, e que funcionariam bem melhor nesse caso, obrigado. Não tentei rebaixar ninguém, nem produzi desfile (pseudo)intelectual de qualquer estirpe. Apontei uma bobagem num post, o que há de troller nisso? Polemizar não é necessariamente um ofício para trolls. Se assim fosse, alguns dos nossos maiores pensadores seriam trolls, Bruno Tolentino encabeçando a lista.

    Anyway, eu me sinto triste por esses anÔnimos da nova geração. Falta-lhes certo charme, na minha opinião. Digo, todos se utilizam de palavras ostensivas para construções monótonas de argumentos dispensáveis, e com esse ar de serem o último sopro de jovialidade intelectual do universo. Tipo eu, assim. O que é um contra, vale lembrar. Deve ser o mal da juventude.

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  7. Não tenho a menor intenção de ficar discutindo terminologias internéticas. Se você acha que não desestabilizou a discussão no referido post da chuva, nem vou rebater seu ponto de vista. Mas é fato que você pulverizou qualquer tipo de discussão que o post pudesse suscitar, ao afirmar, em tom arrogante e professoral, que a opinião do autor do blog estava errada. Foi um post bobo? Pode até ter sido, mas o sujeito estava apenas dizendo como se sentia em relação à chuva. Adjetivos como "imbecilóide" não têm outro objetivo que não o destrutivo, o de agredir gratuitamente. Que tivesse feito críticas, mas com um mínimo de educação.
    Troll ou não, você deve ser um cara com a vida bem vazia. Boa sorte.

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  8. "Se você acha que não desestabilizou a discussão(...), nem vou rebater seu ponto de vista" seguido de " mas é fato que você pulverizou qualquer tipo de discussão que o post pudesse suscitar" é sempre um ótimo exemplo de coerência textual. Hm. Até o resto torna-se desinteressante comentar. Vocês anônimos já foram melhores.

    O post, além de bobo, possuía uma valoração de sociedade que, admito, me irrita bastante. Um teor burguês, mesquinha e inocentemente egoísta que eu costumo militar contra. E aí, admito, foi mera mais-valia de minhas idiossincrasias (o que não torna o texto menos, ahn... enfim).

    Mas eu não entendi, anônimo (qual é seu nome? Você tem jeito de Lucas. Seu nome é Lucas?). Você está tomando as dores do Filipe? "O sujeito estava apenas dizendo como se sentia" soou estranho. E mais: você quer me dar lições de etiqueta e boa educação terminando seu post com "sua vida deve ser vazia"?

    É constrangedor. E é mais constrangedor que eu não saiba o motivo de estar conversando contigo. WTF de onde você surgiu mesmo? Num momento eu estava postando aqui e de repente você e wtf. A internet me confunde. XD

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  9. Jimmy, seu(s) recado(s) já está(ão) mais do que dado(s), então acho que você poderia ter a dignidade de sair de cena antes das vaias, né? Abraço.

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  10. Ah, Jimmy... Espero que você não pense e fale tanta bobagem quanto escreve. O que o fato de sua vida ser vazia tem a ver com etiqueta? Aliás, quem falou em etiqueta?
    Puxa, você quer saber o meu nome? Gostaria de me chamar de Lucas? Pode me chamar de Lucas, sem problema. Prefere que eu seja menino mesmo? Como quiser.
    Eu não sabia que você era tão sensível, se irritando assim facilmente. Agora entendo seu faniquito ao ler aquelas bobagens no post da chuva. Mas, francamente! Militar contra "teor burguês"? Você escreve tal e qual um estudantezinho socialmente angustiado e idealista na segunda metade do ensino médio. Se ainda estiver nesta fase, não há nada de errado. Pode ficar tranquilo; isso passa. Só não me diga que tem também um poster do Che Guevara na parede do seu quarto! Peço que me poupe desta informação.
    E não ligue para o Filipe. Continue escrevendo. Vou sentir falta se entrar aqui e não encontrar suas respostas.

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  11. Escrevo como e quando me apetece, algo que não lhe diz respeito, meu caro. Até porque você não é nenhum Machado de Assis também, obrigado. Você pôs minha "educação" em cheque, e eu prontamente ironizei a hipocrisia de criticar o termo "imbecilóide", falar coisas como "Que tivesse feito críticas, mas com um mínimo de educação" (lembra?) e, logo em seguida, dizer "sua vida deve ser bem vazia", para não falar desse seu último comentário, que é um poço de má criação. É chato ter de lhe explicar tudo, sujeito. Vamos ser mais atentos?

    Há-de, é realmente constrangedor - como já disse - você ter posado de moço bem educado, que não concorda com injustiças (mire e veja: tomou até as dores do Filipe!) e agora descer ao nível que esse seu último comentário imprime.

    Eu não preciso dizer que nem todo mundo que abomina concepções burguesas é necessariamente um rebelde-sem-calças do ensino médio, nem comunista, nem et cetera e tal, porque ou você já sabe disso ou eu não tenho tempo para te ensinar esse tipo de coisa, então, oh-ôi, temos um impasse. Você é muito ferino em tudo que escreve (raivinha reprimida? desenvolver), mas só escreve bobagens. Está no lugar certo. Estamos ambos.

    Engraçado o Filipe dizer que meu recado está dado, que eu devia ter a dignidade de sair antes que comecem as vaias, mas ao nosso querido Lucas ele não ter o mesmo tipo de consideração. Ademais, você tem a moderação dos comentários, Filipe. Aceite quando quiser. Sei que não fará dois pesos e duas medidas. Estamos, sr. Anônimo e eu, confiantes em seu juízo!

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  12. O blogue estava, apesar do ritmo lento (devido a "n" motivos pessoais meus), num momento bem legal de interação. Mas aí apareceu aquele cidadão do outro post e conseguiu arruinar isso. Espero que ele esteja contente, mas isso serviu apenas para eu perceber como ser bonzinho não funciona sempre como a gente deseja: se eu tivesse podado na raiz os ataques ofensivos daquele sujeito, teria encerrado o assunto sem mais seqüelas.

    Então, Jimmy: peço que por favor pare de vir azucrinar aqui. Olha, se TODOS, exceto você, acham que você só vem aqui pelo simples prazer de causar polêmica, bem, algum sentido deve haver, não? E mesmo se não houver, tanto faz: se virtualmente todo mundo acha uma coisa certa, mesmo se ela seja errada é como se ela fosse certa para toda aquela gente. Não concorda? Então de qualquer modo, já que não sentiu que seu recado foi suficientemente dado, o meu vai ser agora: eu não vou mais publicar posts seus, a não ser que NÃO digam respeito a outros usuários E (note bem, não é "ou") que NÃO sejam ofensivos de qualquer maneira. Acho que você não me toma por quem aquele outro me tomava, quer dizer, você deve ter percebido que eu não sou de maneira alguma o rei da ditadura ou o chefe da censura (caso contrário nem estaria aqui me "justificando"). Então sabe que eu tomo essa medida porque realmente ela me interessa e acho que é bom colocar as coisas claras neste espaço; não tenho interesse de tolher a palavra de ninguém, mas detesto dar uma de professor e colocar aluno no fundo da sala. Estamos entendidos?

    Que coisa chata, não dá mais prazer escrever aqui, dividir impressões ou ficar de papo furado, porque tudo agora se resume a se explicar, a atacar indiretamente os outros, a esclarecer intenções. Pelo amor, hein. Recebi um recado super simpático de uma menina que pediu para eu escrever mais e não desistir do blogue, mas neste passo será difícil.

    P.S.: Claro que eu não serei arbitrário de publicar ataques a você e não te deixar responder, portanto essa singela vedação em prol da boa convivência vale também para os anônimos implicados neste caso (apesar de aparentemente ser só uma pessoa, e do sexo feminino). Agradeço o apoio, contudo. :)

    P.S. 2: Quem vê esse debate todo pensa que eu sou uma celebridade super importante e visada, hein. Como vocês perdem tempo com alguém tão sem importância! rs

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