quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Espelho mágico

Às vezes me olho de frente no espelho e me acho muito bonito. Uma beleza franca, sem maquiagem e disfarce. O rosto azulado recém-escanhoado ou barbado com pequenos pontos escurecendo as feições. O nariz cuja forma muito me agrada (apesar de muito me desagradar a abundância de pêlos e cravos), as sobrancelhas grossas herança da ascendência árabe, os olhos que ninguém percebe serem castanho-esverdeados (não que isso faça diferença). A boca que pode assumir mil formas, os dentes retos e amarelados como marfim de piano.

Mas de lado sou terrivelmente feio. Um perfil nada nobre, que faz minhas sobrancelhas parecerem sombras bandidas, meus olhos escorrem e minha boca parece desproporcional. Debaixo dos olhos, riscas que aparentam cansaço, quase paralelas à curva das bochechas. O lado direito do rosto com menos barba que o esquerdo. O queixo que desce horrivelmente no pescoço, quase sem mudança. Isso sem falar no óleo que produzo igual uma baleia arpoada e nas marcas de espinha, sempre presentes. E uma cabeça enorme.

Não me admira que não atraia as mulheres.

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