sábado, 13 de fevereiro de 2010

Tudo que você nunca quis saber sobre sexo mas teve azar de escutar

Muitas vezes me taxam de pudico, antiquado, retrógrado, hipócrita, membro da Associação das Senhoras Católicas, mas real e sinceramente tenho pavor de um certo tipo de vulgaridade que a cada dia costuma aparecer com maior freqüência em nossa sociedade. Darei dois exemplos:

1) Sexo no BBB. Eu não assisto a esse programa, mas claro que como a maior parte dos assuntos da Globo somos forçados a nos inteirar mesmo sem o desejar: todos nossos amigos comentam, é manchete nos principais sites de notícia — outro problema grave dos tempos modernos, há muito para se noticiar e muito pouco que importa —, os sites de humor todos fazem sátiras etc. Não estou querendo me eximir como detentor de bom gosto, não tenho vergonha em assumir algumas duvidosas preferências culturais que possuo, é só talvez para me eximir de uma possível ignorância sobre a completa situação do "problema": a tal moça com nome de ilha grega que praticou sexo oral (e naturalmente o tal sujeito que o recebeu) em pleno confinamento na casa global. Honestamente, nada contra essa prática sexual, longe de mim querer definir o que um casal deve experimentar na hora de suas intimidades físicas. A única coisa que me incomoda é essa noção de gratuidade que isso representa: mal conhecer a pessoa e já entregar seu corpo a ela. Imagino os pais dessa garota (os pais do rapaz provavelmente nem irão ligar) vendo a filha sugando o falo de um desconhecido após poucos dias de contato com ele e, pior, em rede nacional. Para todo mundo ver. Dividir sua privacidade com câmeras e espectadores dispostos a aclamar qualquer baixaria. Não está comprovado que os tais participantes do programa de fato fizeram sexo, mas se o fizeram fica o meu inócuo lamento por essa cultura do oba-oba que com freqüência cada vez mais assombrosa se instala nas relações afetivas/amorosas/sentimentais, "não há nada de mais em transar no primeiro encontro", essa descartabilidade de corpos que, sob o pretexto de contemporaneizar as relações acaba por dizimar qualquer resto de real comprometimento. Esse tipo de ação catalisa ainda mais a transformação das pessoas em objetos.

2) Roberto Carlos. O "Rei" disse que a segunda melhor coisa da vida é sexo, a melhor é sexo com amor e a terceira, sorvete. Não sei por que ele se lembrou do sorvete no meio de tantas recordações sexuais (Freud saberia), mas é o caso clássico da pergunta: e eu com isso? Por que agora se importam tanto com as preferências sexuais de desconhecidos, de artistas, de gente na rua? De que interessa saber se a Mariazinha da esquina é lésbica, se o Zelão da portaria não usa seu ânus só para evacuar seus excrementos, se o Tonho gosta de praticar sexo com vendas e algemas? Por que atores dão entrevistas sobre suas experiências na cama?

Francamente.

Um comentário:

  1. "mas é o caso clássico da pergunta: e eu com isso?"

    Realmente: e você com isso?

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