sexta-feira, 17 de junho de 2011

Derrota

Uma das razões para eu procurar colocações em outras áreas que não a minha de "formação" (?!) é que simplesmente eu não compreendo nada do que envolve o direito e suas utilizações.

Sempre que vou num fórum ou num cartório eu preciso ter um rol bem definido do que fazer, um texto ensaiado do que dizer, porque se sair desse esquema eu vou me atrapalhar, eu não saberei o que dizer, eu vou errar.

A minha faculdade foi lamentável, em matéria de ensino, e meu estágio foi praticamente extra-jurídico. Experiência: zero. Saí da faculdade como se nunca tivesse visto nada daquilo tudo. E aí agora preciso me forçar a entender que vou ter que viver disso o resto da vida, me arrastando como um verme por entre conceitos, livros e práticas que eu não aprovo e nem compreendo.

Seja para protocolar uma peça ou para pedir cópia, se me perguntarem algo do processo eu ficarei nervoso. Corarei, gaguejarei. Serei como aquele ator que não sobrevive ao improviso do colega, o "stage fright" já se apoderou de seu caráter, se ele tenta sair de si é porque não haverá mais volta para ele.

E eu me sinto mal. Sinto-me atrasado, imbecil, indecente. Como se todos fossem capazes de entender uma verdade óbvia e eu continuasse na dúvida. Sinto-me humilhado com os olhares inquisidores de reprovação, com as atitudes que condenam minha incapacidade, com os êxitos e facilidades dos outros. Para eles é tudo simples, evidente.

Eu não sei o que extrair disso. Eu não sou um daqueles hipócritas que, indagados sobre possíveis arrependimentos na vida, dizem: "eu só me arrependo do que não fiz". Eu me arrependo de muitas coisas, e a principal delas foi a que praticamente me condenou. Já não tenho mais ânimo ou condições de falsear coragem nessa batalha.

22 comentários:

  1. Para ninguém nada é simples ou evidente. Sempre sobra ânimo e coragem.

    Desabafar é bom. Auto-ajuda pode ser também. A escolha é do freguês.

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  2. Auto-ajuda é como horóscopo, auxílio muito vago, impreciso, difuso...

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  3. Desconfio muito de pessoas que batem no peito afirmando que só se arrependem do que não fizeram. Errar e se arrepender disso é parte fundamental do nosso crescimento pessoal. Tenho a impressão que pessoas não arrependidas andam em circulos e sempre cometem os mesmos erros (dos quais nunca se arrependem, obviamente).

    Também nao acredito muito nessa auto ajuda de livros encomendados e escritos a quilos. Eles tem fórmulas dissolvidas e tão genéricas que, pra falar a verdade, nao "auto ajudam" ninguém.
    Creio que antes de tudo é necessário encontrar um auto conhecimento, uma identidade (e isso inclui arrepender do que se fez), aí sim é possivel descobrir qual a melhor ferramenta pra se "auto ajudar".

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  4. Pois é, Adriana (é a Adriana do Fernando Sabino?), concordo. Não que eu consiga me "emendar" verificando meus erros, mas nunca se arrepender é meio forçar uma felicidade, não? "Estava certo porque foi o que fiz na época, não dá mais para remediar".

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  5. É a Adriana do Sabino, sim!

    Não acho que seja preciso se emendar se você ainda nao sentir necessidade disso, mas sim criar consciência. Só o fato de se dar o benefício do arrependimento já é meio caminho andado pra você tentar recuperar esse ânimo.
    Desconheço sua idade, mas mesmo que tenha 80 anos você ainda pode recuperar esse ânimo e essa coragem que você acha que perdeu (acha... porque só pelo fato de você exteriorizar essa sensação, pra mim, prova que você tem coragem e disposição, sim).
    O resto que você necessita vem com esse auto conhecimento, com o tempo, com as experiências, se cercando de coisas que te agradam etc etc etc.

    E preocupante seria se você não sentisse isso às vezes, porque aí sim você seria um desses que estão mais interessados em berrar suas felicidades do que sentí-las de fato.

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  6. Sabe que lembrei de você umas semanas atrás? O grande mentecapto está na minha frente, mas eu li mais um livro de crônicas dele no lugar. :)

    Eu tenho vinte e quatro anos, mas me sinto como se tivesse bem mais. Eu acho difícil mudar, porque cheguei num ponto em que cogitações, planos e metas já não dizem mais muito, agora é a hora de começar a fazer algo. Quer dizer, a chave de tudo é isso que você disse, consciência, eu já havia pensando nisso (não sei se já escrevi) e concordo que essa é a matéria-prima para mudanças. Só que eu não sei se tenho consciência. Eu tenho consciência que preciso mudar, mas não do que preciso fazer.

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  7. Hahaha, que bom! E qual foi o livro da vez? Não sei se prefiro os romances ou os contos/crônicas do Sabino, ele atinge a excelência em tudo que escreve. Mas sou suspeita pra falar porque sou muito fã mesmo. Quanto ao O Grande Mentecapto, adie, mas não ignore =)

    Essa dúvida do que fazer é normal, também passo por isso na maioria das vezes, mas por ter criado consciência disso, já acredito que, ao menos em mim, seja apenas uma fase.
    Talvez você necessite apenas dar um primeiro passo, mesmo que você caia mais adiante. E pode ser mais fácil do que aparenta, não precisa ser uma epopeia quixotesca, rsrsrs.
    Pelo que vi por aqui você se interessa muito por literatura e música. Poderia tentar algo por esse meio, um curso por exemplo, mesmo que a principio só pareça ser mais uma válvula de escape, um hobbie.
    O fato do seu curso de direito não ter te feito bem não implica necessariamente que outro curso também terá o mesmo efeito. E mesmo se você estiver sem ânimo, ao menos vá, assista duas aulas, se sentir que realmente não vai ter nada de proveitoso, pare.
    Você não vai sentir sensação de fracasso, e sim de tentativa, é só não enxergar isso como meta a ser alcançada.
    O mais importante é agora fazer algo que você se sinta bem. O resto que você necessita vem como consequência.

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  8. O livro foi A falta que ela me faz. E me fez um bem danado. Foi meu primeiro livro pós-Quijote, eu precisava de algo menos extenso mas tão inspirador quanto, para não ficar abrupta a transição para outras obras. Lerei O grande mentecapto, sim, pode deixar.

    Quanto a fazer algo que gosto, parece-me meio quimérico... De qualquer modo, estou há meses (quase um ano) labutando com a produção e a EMPLACAÇÃO de um livro... A publicação parece uma coisa muito fechada e idílica. Mas estou tentando. No momento, estou para inscrevê-lo em um concurso, mas para isso preciso escrever mais trinta páginas (!), para o romance ter a quantidade de texto exigida.

    Também ensaio publicar contos em revistas de literatura, mas não conheço esse mercado.

    Infelizmente, Adriana, algumas áreas têm cercas muito grandes... E, quando não o são, o arame farpado também impede a travessia. /poeta

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  9. Esta acontecendo com você o que acontece com a maioria dos jovens recém saidos do famoso segundo grau. Sedentos de uma faculdade acabam escolhendo cursos que nada não convém à sua personalidade ou expectativa de vida. O arrependimento é tardio, afinal a grana e os anos voaram, não? O correto seria dar um tempo após o Colégio, um, dois ou até três anos, arrumar um emprego qualquer, mesmo que fosse para ter contado com pessoas e ambientes diversos, pois afinal com 18 anos quem sabe o quer?

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  10. Arrume emprego em qualquer outra coisa. Solte currículos, mesmo onde não estão pedindo.

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  11. Puxa, Suelen, não faço ideia de como proceder! Currículo ralo, e não sei para onde mandar.

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  12. Cara, relaxa! Você nem entrou no mercado de trabalho ainda, a confiança virá com a prática. Tu não vai virar um Evandro Lins e Silva da noite para o dia!

    E mesmo que amanhã você queira mudar de carreira, essa experiência irá te ajudar MUITO em qualquer outra atividade.

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  13. Não pensa em fazer uma outra faculdade?

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  14. De maneira alguma! Foi uma experiência para nunca mais... Mas talvez fizesse, se tivesse a certeza de que me traria algum proveito...

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  15. Sai dessa, Filipe!!! NADA é pior do que lidar com juizes, promotores, procuradores e outros quetais. Isso, sem falar nos teus "colegas".
    ET. Quando chegares no "Zélia, uma paixão", pula...

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  16. Luan, obrigado!

    E Nuno, quero muito me livrar disso tudo! Quanto ao livro da Zélia, dos poucos do Sabino que rejeitei nos sebos mesmo vendo barato... rs

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  17. Talvez você não goste de Direito e muito menos da vida forense, só isso. Ou, então, está faltando um pouco mais de definição, de foco. Procure se especializar. Escolha um ramo que lhe agrade e caia de cabeça. O mundo jurídico é vasto. Não há mais espaço para juristas como outrora, que em tudo davam pitaco. Medite sobre sua "profissão" e tome uma decisão rápida e sem enrolação, sem olhar para trás. Lembre-se daquele velho ditado: "Pedra que rola não cria limo". Ou seja: não fique "rolando" muito por aí. Assente-se num canto, com calma, e siga em frente, produzindo e construindo algo, criando "limo". No meu caso, pensei em deixar o curso no segundo ano. Meditei bastante. Resolvi seguir em frente e gostei de minha escolha passada. Se aceitar uma sugestão: invista no que já tem. Talvez você goste de algo no mundo jurídico, pois levou o curso até o final. Vale a pena procurar se situar melhor nele e cuidar de sua vida profissional para que frutifique. Não desperdice tantos anos de estudo. Faça um esforço para que eles somem-se a outros e lhe tragam resultados. Outros meios profissionais, por aí, também oferecem inúmeros problemas. Abç!

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    Ah, e sobre sua postagem em minha postagem sobre O Grande Livro Disney, reproduzo, aqui, o seguinte:

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    "Olá, Felipe

    Sim, é a autora de obra infantis que conhecemos. Ela manteve, durante muito tempo, uma boa relação com a Abril, em publicações infanto-juvenis. Salvo engano, a Recreio foi "bolada" por ela.

    Quanto a adquirir o livro, realmente, dá pena gastar tanto. A não ser que seja MUITO importante para vc. Mas, considerando que alguns espertalhões vêm pedindo fortunas por edições lançadas a pouco tempo, apenas por terem se esgotado, acho que se você encontrar o Livro por até R$ 300,00, em bom estado, tá valendo a pena."

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    P.s.: achei interessante o outro blog seu com caps de cinema, em sequência.

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  18. Felipe,

    Eu sou aquele "troll" ridículo que fez tudo o que fez aqui no seu blog. Eu perdi a Aline, a pessoa que eu mais amei na minha vida, aquela que eu disse um dia que torcia para se afastar de você.

    A procure de novo, o que ela cometeu de injustiça com você foi culpa minha. Ela é um ser humano maravilhoso que só tinha me falado coisas boas de você. Se a procurar vai ver que o único sociopata dessa história sou eu. Faça isso, resgate a convivência dessa pessoa fora de série.

    Agora que eu a perdi, com razão e merecimento, ela me fez olhar no espelho e ver o q você já sabia, que eu era um completo idiota.

    Sou mais do que isso. Sou um doente, um perturbado, um monstro.

    Estou tentando minimizar todo os problemas que causei. Estou pedindo perdão para todas as pessoas que eu fui o canalha que fui. E são tantas. São todas.

    Sei que tudo não passou de pouca porcaria pra vc, mas é isso mesmo que eu sou. Pouca porcaria.

    Desculpe.

    Abraços e parabéns pelo seu jeito de escrever. Não é hipocrisia. Você realmente tem talento.

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  19. Primeiramente, desculpem pela demora. Este blog está abandonado, não sabia que havia mensagens "novas".

    Kleiton, acho que não tenho compatibilidade com nada em direito. Estou vendo se consigo dar uma guinada na minha vida... Direito seria o plano B. Torça por mim!

    Sobre os especuladores de livros, sim, na internet essa raça proliferou horrendamente. Temos que agora ficar atentos ao custo-benefício, porque o valor bruto está quase sempre nas alturas...

    Euclides, não entrarei mais em contato com ela, mas torço para que vocês se reconciliem. Talvez eu pareça falso falando, mas não gosto de guardar rancores e espero que vocês se acertem. Não fique se recriminando, corra atrás do prejuízo.

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