domingo, 30 de maio de 2010

Globo

Uma das minhas maiores frustrações é nunca ter viajado ao exterior.

Verdade é que nem ao interior fui muito; mas eu queria tanto cruzar o oceano, respirar o ar dos outros continentes, pisar em solos totalmente alheios a minha cultura cotidiana... Só viajei através dos romances de Jules Verne e das páginas da National Geographic. Inúmeras razões me impediram de realizar esse até agora insatisfeito sonho, que quando mais jovem pensei em concretizar numa espécie de devaneio tintiniano: ter um amigo em cada país do mundo — tantas línguas, tantas diferenças...

Mas eu vou vivendo aqui nesta prisão urbana, tentando compensar essa lacuna no meu espírito com algumas distrações. Esta semana que acabou, por exemplo, me deixou felicíssimo no campo dos idiomas, esse passaporte ao mundo todo: eu fui em alguns eventos culturais e consegui entender, sem tradução de espécie alguma, os convidados falando em francês, espanhol e inglês, cada pessoa com um sotaque, uma maneira de falar, de pausar, de se comunicar. Isso me encheu de uma serena alegria, e aí percebi que como nunca pude ir ao mundo, o mundo veio em parte até mim: eu posso ler um romance em espanhol, ver um filme em francês e ouvir música em inglês e decifrar todas essas línguas, bênção das bênçãos.

Não sou o rei da fluência, mas nesses anos de espera (espero) antes de eu fazer o giro do planeta eu posso ir conhecendo um pouco de seus habitantes.

4 comentários:

  1. http://inacio-a.blog.uol.com.br/arch2010-05-30_2010-06-05.html#2010_05-30_13_46_44-135949845-0

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  2. Eu vi hoje à tarde. Meus comentários na Cinéfilos foram:

    "Li comentários negativos sobre uma certa "inércia" dos realizadores deste documentário, por não terem buscado entrevistar o Godard e o Jean-Pierre Léaud. Isso pode parecer um defeito à distância, mas vendo o filme não há por que se queixar. Ainda que talvez haja o "problema" de ser destinado àqueles familiarizados com uma certa gramática nouvellevaguista (e com os finais de alguns filmes de Truffaut e Godard!), o documentário é excelente, muito bem narrado e escrito pelo Antoine de Baecque (um dos biógrafos da melhor biografia que li, sobre o Truffaut), repleto de boa pesquisa de arquivos e confrontação entre filmes e discursos. Por todo o documentário sentimos aquela "alegria cinéfila" da crítica cahiersiana, a impulsividade dos jovens diretores da nouvelle vague, o amor pela linguagem do cinema, pela mobilização que essa arte pode acarretar, a união pela gramática do filme.

    Algumas coisas eu já conhecia (principalmente depoimentos contidos na magnífica série Cinéastes de notre temps, mas também, por exemplo, o teste de J-P Léaud para Os incompreendidos), mas outros áudios, entrevistas, vídeos e até fotos eram totalmente novos para mim."

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  3. Amigo de sala passou umas 2 semanas na Indonésia, voltou com fotos e casos mil. Inveja (não de ir à Indonésia, mas de ter ido a algum lugar....longe).

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