quinta-feira, 11 de março de 2010

Idade mental

Outro dia na faculdade discutia-se na minha fileira alguma coisa qualquer que levou a um assunto em que sempre penso: idade. Era sobre alguém da minha faixa etária namorar ou ter amigos mais novos; o tom era de desaprovação, estilo "o que uma pessoa de vinte e tantos anos procura em alguém com quinze ou dezesseis?".

Entendo que possa parecer absurdo para a maioria dos palpiteiros, mas nunca irei concordar; não acho um abismo intransponível esses poucos anos que separam o período adolescente da "mocidade", não acho que essa idade seja especificamente imatura, não mais que todas as outras. Aliás, acho que fiquei bem mais imaturo no decorrer de cada ano da faculdade, e me inclino a falar que a vida adulta é a destruição paulatina de todas as boas conquistas da infância e da adolescência.

Mas o que eu falo é uma coisa, nadar contra a corrente é difícil se você não tem bons braços. Uma namorada de dezesseis anos não me pareceria um crime condenável — e nem é, afinal —, mas aos olhos dos pais da moça eu poderia parecer um estuprador em potencial, um corruptor de menores, um deflorador de virgens.

O que me leva a achar que idade não diz nada — pelo menos nesses assuntos afetivos — é talvez apenas a pura observação dos casos que nos rodeiam. A jurássica Susana Vieira, por exemplo, não tem mais maturidade que qualquer atriz teen americana do momento: nenhuma delas preserva sua vida pessoal em entrevistas, nenhuma delas se afasta de coisas fúteis, paparazzi e holofotes, nenhuma delas tem uma relação amorosa estável, nenhuma delas serve de exemplo para a vida de ninguém. E quantas décadas não as separam?

Acho que estamos na idade de mudar de cabeça. As meninas de dezesseis já perceberam isso, falta agora ensinar o beabá aos seus maduros genitores.

4 comentários:

  1. Eita, Susana Vieira não deve ser usada como exemplo. Eu tenho preconceito contra meninas de 16 (salvo raríiiiiissimas excessões). Mas tive boas surpresas nos últimos tempos com meninos na faixa dos 16-20 anos.

    Além disso, me entreguei nessa questão, pois nunca me imaginei namorando alguém mais novo.

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  2. Mas justamente, ela NÃO serve de exemplo, foi o que eu disse: a maturidade não vem de brinde com a idade, senão todo velho seria naturalmente sábio, o que sabemos que não se verifica.

    E sobre meninas de 16, bem, não são todas que conversam sobre o professor de educação física, esmaltes e Capricho; até porque tem muita garota de 25 que vive na balada e nas festas e micaretas, o que pra mim é muito pior do que simplesmente "ter" os tais 16 anos.

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  3. Pois é, a garota de 25 que ia na balada com certeza ia com 16, ou seja, no final a pessoal é o que é, não importa se tem 16 ou 25. Meu preconceito não é ter os tais 16, até porque, ai se eu os tivesse de volta. Desenvolvi o que sempre achei uma besteira, problema em envelhecer.

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  4. Eu tenho problema em envelhecer também. Não vejo qualquer vantagem, só problemas. De saúde, de decadência física, de falta de fôlego, de maior aproximação da morte...

    E meus anos mais felizes foram os 13 e 14 anos, nem tanto os 16.

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