terça-feira, 13 de abril de 2010

Macaquinhos no sótão

Os meus anos mais felizes foram 2000 e 2001. Eu sei bem e nunca mais os esquecerei. Já tinha plena consciência de sua importância na época, mas não sabia que eles nunca seriam superados — sequer alcançados. Os meus dois últimos anos na minha ex-escola favorita não tiveram nenhuma viagem internacional ou um amor que me marcou para a vida toda; não, a relevância desses dois anos está em seus pequenos momentos triviais. Eu lia muito, sem perder a atenção e a paixão voraz, eu não tinha sono, eu gostava das aulas, do colégio, até mesmo dos professores!, eu adorava não falar nada com nada no recreio — hoje as conversas devem todas ter "assunto" —, meus irmãos já não estavam na mesma instituição que eu e eu me sentia mais solto — "dono do pedaço" —, eu era alegre, comunicativo, sociável, não pensava no futuro, não tinha problemas sentimentais, afetivos ou psicológicos, não me sentia velho como hoje me sinto, cansado, desanimado, eu me sentia vivendo (não apenas existindo, como me sinto hoje), eu adorava passear pelas poucas ruas e ambientes que conhecia, eu não sentia o tédio me corroendo, eu gostava de viver pelas surpresas que imaginava ter no dia seguinte, eu gostava de usar o uniforme da escola e ficar com ele o dia inteiro, eu imaginava que estava no caminho certo (o total contrário do que penso hoje), eu acreditava ter amigos, eu não tinha raiva das coisas.

Eu não era um menino maluquinho, eu era um menino feliz.

P.S.: A respeito do título deste post, eu acho engraçado quando me lembro que perguntei pessoalmente ao Ziraldo o que quer dizer essa expressão.

14 comentários:

  1. E o que significa?

    Na minha sétima série eu esperava pela oitava, na oitava eu esperava pelo primeiro ano, no primeiro ano eu só esperava o ano terminar logo, no segundo comecei a esperar pelo terceiro ano por ser o último, e agora espero pelo fim do ensino médio. (Esse assunto é interminável e desagradável, então é melhor resumir como anos de espera.)

    Mas pelo menos você gostou um pouco dos três anos seguintes?

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  2. Algo que não tem nada a ver com o tópico: estava vendo aquela entrevista com você sobre sobre Tex Willer, e vi que esteve no Fest Comix em 2008... então me lembrei que fui, mas estou brava por não me lembrar se era 2007 ou 2008! Agora passei um tempo pensando e tenho quase certeza que foi em 2008 - mas não total certeza, e como é ruim fazer força para se lembrar de algo esquecido!

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  3. Haha, mesma coisa que Anabella.

    Minha época de felicidade era na 4ª e 5ª série. Essa época pra mim é basicamente o que você escreveu ae Chamy (só trocando o "ler muito" por "jogar muito videogame")

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  4. Significa exatamente o que parece, uma intensa atividade cerebral/mental.

    Sim, a gente sempre espera que as coisas melhorem... E eu gostei um pouco dos anos de ensino médio, mas também teve muita coisa ruim lá, e foi lá que conheci a tristeza pela primeira vez... As cobranças da "vida adulta" nunca me fizeram bem...

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  5. E nossa, quantos posts novos enquanto eu escrevia. Eu vou no Fest Comix todos os anos, Yasmin! Às vezes em mais de um dia.

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  6. Olha, eu esperei pelo melhor até chegar no primeiro ano. Foi quando mudei de escola e acreditava fielmente que as coisas mudariam. E mudaram, enfim, mas para pior. Depois da desilusão eu só esperava que minha vida ou ficasse estagnada, ou que decaísse... O que me salvou foi achar um esconderijo nos livros e filmes, e mais tarde, acabar conhecendo meu namorado (a última coisa que eu imaginava que aconteceria).

    Ufa, então não importa não ter me lembrado. Enfim, quem sabe não nos vimos? :)

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  7. É uma pressão do caralho o 3º ano. Ainda mais nessa escola que eu estudo, que é aquela porra de sistema Anglo preparatório pra vestibular.
    Fora os professores sem alma.

    E eu acho que daqui pra frente só piora... faculdade, depois tem que fazer dinheiro, depois...

    um cu.

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  8. Eu vi uma foto sua no orkut (fora a do perfil) e não me lembro de tê-la visto, ainda mais que uns dois ou três anos atrás você ainda usava fraldas!

    Sim, a vida só piora. Por isso gosto cada vez mais da minha infância.

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  9. Lembraria sim, você tem cachos! Não vejo muitas assim.

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  10. Tenho muita saudade dos meus tempos de colegial. Da infância, nenhum pouco.

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  11. Eu também não tenho saudade... Tive alguns problemas familiares e escolares, que me atormentaram por um bom tempo, mas foram resolvidos quando cheguei na adolescência. Assim é difícil ter saudade... até porque não me lembro de muitas outras coisas (eu sei que era sozinha e alegre... solidão nunca foi algo ruim para mim).

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  12. A gente acaba tendo que se acostumar de qualquer jeito.

    A minha adolescência foi OK, mas tive alguns problemas. Nada como agora, mas enfim.

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