sábado, 30 de janeiro de 2010

Cicerone

Meus lugares favoritos em São Paulo (ou "Se eu não estiver aí no meu tempo livre o mais provável é que eu esteja em casa"):

1. Cinemateca - Meu cinema favorito. Ambiente extremamente agradável, perto da minha casa (vinte minutos a pé, o que é bom também para fazer um sedentário como eu caminhar), boas salas, excelente programação, poder rever em película filmes que eu adoro, conhecer obras obscuras... Sem contar que o ingresso é barato, o que é muito importante para um mão-de-vaca como eu. E nem falei da biblioteca deles, que é uma beleza; já fiquei ilhado lá numa chuva enquanto esperava um filme começar, nem senti o tempo passar.

2. Avenida Paulista - Andar por suas ruas cinzentas e de gente apressada, por suas paralelas e transversais (Alameda Santos, Augusta, Rua da Consolação...), freqüentar seus cinemas, suas livrarias abarrotadas de livros de todos os países e espécies, conhecer lojas e prédios que nunca havia percebido mas que estavam sempre lá, matar tempo, caminhar da Consolação até minha casa numa tarde qualquer.

3. SESC Vila Mariana - É praticamente do lado da minha casa. Já perdi a conta de shows que vi por lá apenas pela facilidade de aparecer lá, de artistas para os quais não ligo muito. Sempre tem um concerto bacana, uma exposição legal, fora que também é muito gostoso passar por lá como quem não quer nada, ou ler a seleção de gibis na sala de estudos, tardes inteiras sentado lendo Will Eisner ou Robert Crumb. Ver o povo nadar, ir na lanchonete acompanhar alguém (dificilmente como algo fora de casa), subir pela rampa da entrada e descer pela escada lateral, conferir afoito nos primeiros dias do mês quais apresentações haverá nos próximos dias...

4. Centro Cultural São Paulo - Também é perto da minha casa (não me divirto em lugares longe, fico aflito com o tempo de retorno), e tenho tantas recordações, ir lá com amigos, com minha mãe, sozinho... Aquela Gibiteca, de que conheço vários segredos ocultos a todos que não foram iniciados na magia dos quadrinhófilos, a biblioteca cheia de tantos milhares de livros variados (quantas coisas inesperadas naquele bolo todo!), subir nas áreas descampadas, passear pela parte fechada, os jogadores de RPG sempre em suas mesas, no outro canto os xadrezistas quebrando a cabeça...

5. Imediações da minha casa - Uma delícia vagar sem rumo e horário por essas ruas que eu conheço já tão bem, fazendo caminhos esquisitos que ao invés de atalhar aumentam ainda mais o percurso, imaginar mapas na cabeça, passar em frente à minha saudosa escola (de que sinto uma tremenda saudade), ao meu curso de francês, ir por todos os caminhos das ramificações do meu bairro e do que há a seu redor.

Lugares que perderam um pouco da (ou toda) graça:

1. Centro Cultural do Brasil - Não vou lá desde dezembro de 2007, quando conheci Alejandro Jodorowsky. Não é o pior lugar do mundo, mas tem vários inconvenientes: além de ser chato ter que se deslocar até a Sé, ultimamente tinha que comprar os ingressos pro cinema com cerca de uma hora de antecedência, o que é um baita desperdício de tempo (e várias foram as vezes que os ingressos estavam esgotados, porque há uma legião de desocupados que moram lá perto e sugam tudo que podem pelo simples prazer de aborrecer); sair de lá à noite é um exercício de fé, com seus cheiradores de cola entocaiados nos becos escuros, o forte cheiro de urina do caminho, os bêbados remanescentes de sempre; de manhã e tarde lá é tão cheio de punguistas, malandros e camelôs que só sendo nadador olímpico para se desviar com sucesso; domingos lá é uma desolação tão plena que chega a dar medo; e, at last but not at least, o frequentador mais assíduo do lugar era um velho insuportável, que ria como uma hiena desdentada em cada segundo dos filmes, e também aparecia em outros eventos para encher o pacová. Esse senhor me fez perder a vontade de voltar lá antes que ele desapareça do recinto. Sujeito mesmo insuportável, de estragar o dia de qualquer um que não tenha sangue de barata. Pergunta dele numa concorridíssima palestra do Jodorowsky: "Cantinflas era un maricón?".

2. HSBC Belas Artes - Ainda é o cinema comercial que mais freqüento (para falar a verdade, quase sempre vou nele), por ter a programação que mais me interessa e não ser tão caro. É super fácil chegar lá, mas tem vários problemas que me desagradam: as atendentes do caixa têm sempre cara de poucos amigos, nunca vi mulheres menos simpáticas; as sessões do Cineclube sempre fazem o público ficar esperando no corredor, os funcionários abrem a sala faltando no máximo uns sete minutos; eles PASSAM TRAILERS nos filmes do Cineclube, nunca vi isso; o cinema incentiva aquela maldita associação com pipoca, então sempre tem alguém empesteando a sala com o fedor dessa desgraça e irritando com o barulho da mastigação (e eles comem pipoca SEMPRE, não interessa se é um drama de guerra iraniano ou uma comédia musical romena).

Obs.: Os números não representam necessária ordenação interna.

4 comentários:

  1. Frequentador do Sesc Vila Mariana? Que coisa...

    Tenho uma relação deveras especial com o Sesc. Meu pai trabalhou por quase vinte anos no Consolação, depois passou para o Santana quando foi inaugurado, e no ano passado foi transferido ao Pinheiros (o que ocorre muito entre os funcionários, essa mudança constante de unidades).

    Passei toda a minha infância no Consolação. Jogando basquete em uma quadra vazia, assistindo mais de uma peça infantil por mês ou até mesmo a aventura de sair escondida do Sesc para comprar algum doce numa outra rua... Enfim, sempre sozinha (mas não me importava; eu adorava).
    Devo ter passado mais tempo no Santana (que pelos anos em que meu pai ficou, teve uma programação muito boa), entretida com peças, shows, filmes e exposições ou aulas abertas. E mesmo não gostando de uma porção de coisas, participei o máximo que pude. De jogar esgrima a ver um homem dançando nu (experiência que papai poderia ter me poupado...). E claro, sempre sozinha. Às vezes levava uma amiga, mas preferia ficar sozinha.
    Como não faz muito tempo que ele está no Pinheiros, fui poucas vezes. Talvez seja o Sesc mais bonito (ou quem sabe o Pompeia?), porém raramente uma atividade me chama atenção (até agora, só a exposição do fotógrafo Henri Cartier-Bresson).

    Fui ao Vila Mariana uma única vez, para assistir Pato Fu. Fora do teatro não devo ter ficado mais de quatro minutos. O que é uma pena, pois ele me pareceu bastante agradável.

    Você já foi em algum Festival SESC Melhores Filmes que acontece no Cinesesc?

    OK, acho que já falei demais.

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  2. É anônima mesmo ou esqueceu de logar? :)

    Esse festival dos filmes é aquela retrospectiva que fazem dos melhores filmes do ano, em dezembro? Se sim, já fui; se não, nunca fui.

    O SESC traz essas coisas de infância mesmo, mas o Vila Mariana surgiu, não sei, lá por 1999, eu já não era mais pivete (nem tanto, pelo menos; tinha 12 anos). Acabei construindo depois minhas memórias.

    Você mora em que bairro?

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  3. É que eu só destaquei os lugares legais, mas se eu fosse falar dos problemáticos...

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